domingo, outubro 25, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Tive a oportunidade de ler, no início do ano, o livro "Previsivelmente Irracional" de Dan Ariely, sobre o qual registrei minhas impressões aqui neste blog. Resolvi voltar a ele outra vez para abordar o problema da corrupção no Brasil.

É importante frisar que corrupção existe em toda parte, e não apenas em nossa pátria amada. Há até mesmo um ranking mundial no qual figuram 180 países. Em 2008, nossa terra querida apareceu em 80º lugar, com nota 3,5 (numa escada que vai de zero a dez, na qual, quanto menor a nota, maior a corrupção).

No Brasil, a corrupção praticada pelos que detêm o poder como políticos, empresários, policiais e juízes, tende a receber maior divulgação. Com efeito, essa divulgação é importante, bem-vinda e precisa continuar ocorrendo, mas contentar-se com ela é deixar do lado de fora do debate um importante protagonista. Os diversos experimentos de Dan Ariely, abordados em seu fantástico livro, produziram evidências que apontam para outro vilão (quase) acima de qualquer suspeita: o cidadão comum!

Faz sentido essa suspeita? Eu, que faço parte dessa massa de gente comum, prefiro me ver como um bom cidadão, afinal, eu trabalho, pago impostos, respeito as regras do viver em sociedade, não costumo infringir as leis de trânsito, etc. Sinceramente, não me vejo como vilão!

O que os experimentos de Dan Ariely sugerem é que eu sou humano e, como tal, padeço da característica comum à espécie, de querer sempre me dar bem, de tirar alguma vantagem de situações em que avalio o risco como sendo baixo. A famosa lei de Gérson é a lei de todos nós. Observem o que eu disse há pouco: "não costumo infringir as leis de trânsito". Não costumo! É verdade! Mas, às vezes, piso forte no acelerador ao perceber que o semáforo ficou amarelo e vai fechar. Outras vezes, avanço mesmo com o sinal vermelho (é "lógico" que, no meu caso, sempre há uma justificativa plausível para esse "pequeno" e "raro" ato de rebeldia ou transgressão).

Em termos monetários, os experimentos de Dan Ariely sugerem que o maior rombo provocado pela corrupção pode estar sendo creditado indevidamente à política, empresários e outros que conseguem aplicar golpes ousados que rendem milhões. Não há dúvida de que esses aí causam um enorme estrago, mas a "operação formiguinha" pode ser a grande vilã. E é nessa operação formiguinha que eu e você nos enquadramos. Milhões de pequenos delitos produzem um estrago de proporções colossais!

Vejamos alguns exemplos: Qualquer um de nós conhece alguém que se aposentou irregularmente, que sonega imposto de renda, que não dá (e nem pede) nota fiscal, que compra ou comercializa produtos-pirata, etc. A soma desses e de outros tantos pequenos desvios, que são praticados frequentemente por milhões de brasileiros, provavelmente supere todo o estrago que é feito lá em Brasília! Dá para acreditar nisso?

Quero deixar claro que não é meu intento, aqui, inocentar qualquer pessoa ou instituição que ganhou destaque na mídia por agir de forma ilícita. Tampouco pretendo lançar a responsabilidade (ou culpa) da "falta de verba" aos pequenos desvios de conduta dos cidadãos comuns. Quero apenas resgatar parte do que é abordado no livro Previsivelmente Irracional para fomentar uma reflexão sobre a natureza humana e a existência de uma certa "zona de conforto" dentro da qual nos permitimos cometer pequenos desvios de conduta, sem experimentar o peso da culpa.

Penso que seja daí, de dentro dessa zona de conforto, que muitas vezes nos pomos a analisar parcialmente alguns fatos e a afirmar com tranquilidade e sem dor na consciência que "corrupto é o outro".

Recomendo mais uma vez a leitura do livro.

OBS: O vídeo abaixo (16 minutos) é uma boa maneira de estabelecer um primeiro contato com Dan Ariely. Para exibir a legenda em português, clique em "view subtitles" e selecione a opção "Portuguese (Brazil)".

sábado, outubro 24, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Sei lá...

Às vezes me parece que sim; outras vezes tento crer que não.

Sei que Toquinho e Vinícius transformaram essa pergunta em poesia... e que poesia!

Poesia que vem se tornando popular ao ser cantada todas as noites por Chico e Miúcha na abertura de uma das novelas da Globo.

Título: Sei lá... a vida tem sempre razão
Autores: Toquinho / Vinicius de Moraes


Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.

clique aqui, caso queira conhecer toda a letra.
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sábado, outubro 24, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Acabei de adicionar em meu blog um componente (widget) muito interessante chamado LinkWithin.

Após instalado, esse componente estabelece ligações (links) entre a postagem atual e outros publicadas anteriormente, exibindo o título e a primeira imagem encontrada nas postagens antigas. Ainda não sei qual é o critério que ele usa para estabelecer essa ligação... Mesmo assim, resolvi experimentar! Dê uma olhada aí embaixo e veja o LinkWithin ação sob o título "Poderá gostar também de:".

Dizem por aí que essa é uma boa estratégia para aumentar a audiência do blog. Será?

A instalação é simples:

1. Acesse o site http://www.linkwithin.com. Será exibida uma página semelhante à figura que coloquei no topo desta postagem.

2. Preencha o formulário da seguinte maneira:

E-Mail: Informe seu endereço de e-mail.
Blog Link: Informe o endereço de seu blog.
Plataform: Selecione a plataforma em que seu blog está hospedado.
Width: Selecione o número de ligações a ser estabelecida (entre 3 e 5).
OBS: Marque a caixa "My blog has light text on a dark background" caso seu blog use letras claras sobre um fundo escuro.Nova postagem

3. Clique no botão "Get Widget", siga as instruções e boa sorte!
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quarta-feira, outubro 21, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Quando digo "meu Deus",
afirmo a propriedade.
Há mil deuses pessoais
em nichos da cidade.

Quando digo "meu Deus",
crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.

Quando digo "meu Deus",
grito minha orfandade.
O rei que me ofereço
rouba-me a liberdade.

Quando digo "meu Deus",
choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele
na microeternidade.

Autor: Carlos Drummond Andrade
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domingo, outubro 18, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
O poeta Caetano Veloso inspirou-se na realidade da maior e mais rica cidade do Brasil para compor uma de suas inesquecíveis canções – Sampa – na qual faz menção à "força da grana que ergue e destrói coisas belas". A expressão "força da grana" aqui pode ser entendida como sinônimo de "poder"! Poder que cria o belo e concebe o feio; produz fartura e provoca escassez; constrói palácios e dá forma às favelas; favorece a vida e ocasiona a morte... São Paulo parece ser, de fato, assim. Uma cidade na qual a "força da grana" trouxe consigo o contraste, tornando-a, ao mesmo tempo, imponente e modesta, rica e pobre, luxo e lixo, apressada e vagarosa, acolhedora e inóspita, bonita e feia.

Mas não é meu objetivo aqui falar sobre a cidade de São Paulo, e sim pegar carona na frase de Caetano que sintetiza com precisão e beleza o que me parece acontecer em todo lugar em que há concentração humana, não importando o tamanho desse aglomerado de gente. Observem que o poder, ou a "força da grana", como prefere dizer o poeta, engendra uma realidade assimétrica, na qual o oposto se faz presente e necessário. O progresso traz consigo o retrocesso, e a prosperidade de uns impõe a decadência a outros.

A desigualdade social encontra equilíbrio na posse do poder. De um lado, poucos que podem muito; do outro, muitos que podem pouco. Nada a ver com a república de Aristóteles na qual a autoridade e o poder emanam do povo, em beneficio do qual deveriam ser exercidos. Nada disso. Quando ouço algo parecido, penso que seja pura retórica política ou utopia visionária. O poder sempre foi exercido por quem o detém em benefício próprio. Quanto mais poder se tem, mais poder se quer. Foi assim na antiga Suméria, no Egito dos Faraós, nas monarquias teocráticas de Davi e Salomão, na ditadura romana dos Césares, no feudalismo europeu, na Revolução Francesa, na Alemanha de Hittler e no Brasil do PT e do ex-operário e "homem do povo", Lula.

Não era sobre isso que queria escrever. Infelizmente padeço do mal da dispersão e acabo divagando e perdendo o foco. Fiz mau uso uso da poesia de Caetano... Paciência. Como estou decidido a atualizar o blog hoje, vai esse texto mesmo. Em outra ocasião tentarei desenvolver a idéia original.

E para salvar o texto, resolvi resgatar uma música que ouvia quando criança, de autoria de Dom e Ravel, que trata desse jogo de poder nas relações sociais. Poder esse que frequentemente faz de nós, seres conscientes e inteligentes, mais cruéis que os animais que costumamos rotular de irracionais. O nome da canção não poderia ser outro: "Animais Irracionais".

Às vezes eu olho pra terra sem compreender
A luta dos seres humanos pra sobreviver.
O grande açoitando o pequeno,

Terceiros mandando apartar,

Mas na maioria das vezes o grande não quer parar.

Tem vezes que o desesperado se põe a pensar (a pensar)
Por que deve aos pés de um dos grandes se ajoelha?

Eu passo por muitas igrejas pedindo respostas de Deus

Pra ele calado no espaço ouvir os lamentos meus.


(refrão)

Animais (animais) nós os homens somos todos meio
Animais irracionais
Levantamos, guerreamos e deitamos e rezamos antes
A vida é um sonho e nada mais. Oh! cantem atrás.

quinta-feira, outubro 01, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
O tempo voou e setembro chegou ao fim. O inverno cedeu lugar à primavera e, na esteira das mudanças, passei a trabalhar mais perto (ou menos longe) de casa. Graças a essa mudança tornou-se viável o retorno sistemático às corridas.

Em setembro comecei a aumentar lentamente o volume e consegui correr 81 quilômetros. Pouco? Sim, mas bem acima na quilometragem média dos últimos meses. Semanalmente tenho feito um treino noturno no Ibirapuera, que começa entre 19:00h e 20:00h. Nesse horário o parque ainda está cheio de vida e não se corre sozinho. Estou gostando!

Hoje recebi um e-mail de divulgação da "6ª Corrida Santos Dumont". Já participei desse evento duas ou três vezes. Dei uma olhada no preço da inscrição e fiquei desanimado: R$ 50,00. Lembro-me que pagava algo em torno de R$ 25,00 ou R$ 30,00 anos atrás...
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