sábado, outubro 02, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Setembro me lembra "primavera", primeiro verão, estação das flores. Os dias começam a se alongar e a chuva retorna, após a estiagem que caracteriza o inverno paulistano. A primavera sempre me fala de esperança, renascimento, florescimento, reinício. E foi assim que vivi os primeiros dias de setembro.

Voltei ao Ibirapuera, para minhas corridas noturnas. Voltei e presenciei o renascer na primavera. A grama cinza e o solo seco, castigados pelos meses de estiagem, começavam a manifestar sinais de vida verde. E as árvores dançavam embaladas por um vendo faceiro que enfeitiçava folhas e pétalas. Essas, iludidas, desprendiam-se destemidas em vôo cego e fugaz, repousando esquecidas sobre a grama e o asfalto nos quais eu e tantos outros pisávamos. Quanta gente andando, correndo, pedalando, patinando... Quantos cães!

Primavera é uma estação de transição. O tempo muda com freqüência. Frio e calor se revezam e, às vezes, entram em atrito. Trovões e relâmpagos ausentes há meses, voltam a marcar presença, prenunciando as tempestades de verão que não tardarão em regressar.

E setembro se foi... Corri um pouco mais e trabalhei como nunca. Comecei o mês com muita disposição e terminei-o à beira da exaustão.

Seja como for, ficou um saldo positivo em meu volume de treino: 132 quilômetros.
sábado, setembro 11, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito.
Relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas vezes levaria a sério.
Seria até menos higiênico.

Correria mais riscos.

Viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a lugares onde nunca fui. Tomaria mais sorvete e menos sopa. Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto de sua vida.
Claro que tive momentos de alegria mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não o sabem, disso é feito a vida, só de momentos.

Não percam o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um Termômetro, uma bolsa de àgua quente, um guarda- chuva e um pára-quedas.

Se eu pudesse voltar a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres
E brincaria com mais crianças, se eu tivesse outra vez uma vida pela frente...

Mas já tenho 80 anos...

Observação: "Instantes" de Jorge Luiz Borges
domingo, setembro 05, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Fiquei distante desse espaço por quase dois meses. Julho se foi, agosto passou e setembro está aí, seguindo seu caminho. Pouca coisa mudou durante esse meu breve exílio, exceto o tempo que fluiu, passou e, se não me engano, deu uma bela acelerada. O tempo é assim, apressado, faminto, glutão. Nunca se cansa de engolir dias, semanas, meses, anos... Por fim, ele há de nos devorar a todos, o que não é nada animador. Às vezes, meu lado sombrio - meu instinto assassino - me leva a pensar em matar o tempo antes que ele me mate! Mas afinal, matar tempo é assassinato ou suicídio? Quem sabe? Melhor mudar de assunto e abordar questões mais simples, triviais, como por exemplo, minha paixão por corrida de rua...

Bem, continuo correndo. Pouco, é verdade. Falta-me tempo... Descobri que meu tempo não é meu, por mais contraditória que essa afirmação possa ser ou parecer. Ando afogado na correria desenfreada de Sampa. É a velha luta pela sobrevivência, para pagar a elevada conta que nos é cobrada por vivermos numa sociedade consumista, reificada pela cultura capitalista na qual estamos inseridos e da qual somos cria. Coisa de louco! Labirinto sem saída! Sempre de olho no relógio, no esforço hercúleo para não perder a hora... Esse ritmo acelerado, desenfreado e, às vezes, sem nexo, vai minando-me aos pouco: suga-me as forças, subrai-me o ânimo, furta-me o precioso tempo e, sem tempo, não há como correr... Opa! E olha eu aqui, novamente, falando em tempo, ou da falta dele... Hoje está difícil mudar de assunto!

Mas não voltei a esse blog, depois de dias ausente dele, para o transformar em palco de lamentações pela falta de tempo. Não quero, aqui, dar vulto às queixas, nutrir os ais ou ressaltar as agruras da vida. Otimismo!!! Portanto, quero destacar aqui o fato de ainda conseguir correr, a despeito da falta de tempo. Corro o que me é possível nas circunstâncias atuais. Corro por prazer e também por teimosia, no esforço quase vão de resgatar, para mim, parte do "meu tempo", que não é meu.

No mês de agosto foram apenas 61 quilômetros, mas setembro está aí, com um feriado, reacendendo em mim a esperança obstinada de que meu volume de treino volte a subir.

O gráfico abaixo comprova que, neste ano (barras azuis), estou correndo menos que no ano passado. Será que consigo reverter esse cenário?
domingo, julho 18, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges


Já faz umas duas semanas que durmo e acordo com músicas do Heritage Singers em minha cabeça. Incrível! Deparei-me com essas músicas no Youtube e fiquei ouvindo. No dia seguinte repeti a dose. Baixei algumas para ouvir novamente. Agora não consigo me livrar delas.

Lembro-me do sucesso que esse conjunto fez a partir da segunda metade da década de setenta. Era amado por muitos e odiado por outros tantos. Para uns ele representava a evolução natural dos gostos, preferências e tendências musicais. Para outros era a perversão dos valores religiosos e um perigo para a juventude.

O tempo passou e agora o Youtube se encarregou de dar forma e movimento às vozes que, há muito, me eram familiares. Interessante é que hoje essas músicas me parecem suaves, calmas e até inspiradoras... Além disso, elas conseguem despertar em mim um sentimento suave e triste que atende pelo nome de "saudade".

O vídeo acima apresenta a música "God's wonderful people", interpretada pela formação de 1983/1984. No Youtube há muito mais.
sexta-feira, julho 16, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Trezentos e sessenta e cinco dias é o tempo necessário para que o planeta Terra dê uma volta em torno no sol. Que há de especial nisso? Não sei. Talvez nada... Sei apenas que usamos esse ciclo para marcar o tempo e damos a ele o nome de "ano".

Um ano atrás eu comemorei aqui meu aniversário. O tempo passou depressa. Muito depressa. Parece até que voou... E aqui estou, outra vez, preparando-me para apagar novamente as velinhas.

Quantas coisas mudam em um ano! Algumas conquistas, alguns fracassos: surpresas e sustos! Mas o mais importante é que completo mais um ano de vida com saúde e disposição para encarar outros tantos que – queira Deus – possam vir pela frente.

Por um lado, não há como negar que estou ficando velho. Velho? Não gosto dessa palavra. "Velho" talvez combine com outros, mas não comigo. Também não me identifico com a palavra "idoso" e reluto em empregá-la aqui. Por isso, com sua licença e paciência, permito-me trocá-las por outra que considero mais apropriada para esta ocasião: Estou ficando mais "experiente"! E é essa experiência que me tem aconselhado insistentemente a aproveitar a vida. É ela que me diz que a vida é curta e frágil. Cada badalada no relógio do tempo nos fere e a última nos há de matar...

A vida é frágil - frágil e bela. Se tento protegê-la em demasia, ela se atrofia e pende para a morte; se, por outro lado, procuro vivê-la com muita intensidade, ela dá sinais de exaustão e se inclina para a morte. Se me ponho a viver de forma discreta e equilibrada, mesmo assim a vida passa, simplesmente passa, e se aproxima dos braços da morte... Socorro! Não dá pra fugir da morte?

Seja como for, vamos vivendo! Vamos correndo! Às vezes tropeçando e outras vezes caindo. Já caí tantas vezes!

Mas hoje não quero pensar nessas quedas e sim nas tantas vezes que consegui me levantar, sempre amparado por mãos amigas, verdadeiros heróis que teimam em apostar em mim. Gostaria muito de presenteá-los, nesta dia especial, com algo de grande valor, mas não posso. Sou pobre. Então, que "Deus lhes pague"!

Além dos amigos, registro aqui minha gratidão aos familiares (que também são amigos) e que estão sempre por perto, compartilhando comigo do cardápio variado que a vida nos serve. É bom saber que, para vocês, eu sou mais que um número: tenho um nome, um rosto, uma história e muito valor!

E tenho uma companheira muito especial, que, por opção e falta de juízo, está sempre comigo. Ela é um exemplo vivo de resistência, fé e sanidade mental duvidosa. Opa! devo apressar-me em me explicar, antes que uma crise conjugal ponha fim aos festejos deste aniversário: Os anos vão passando e ela continua ao meu lado (quanta resistência!), e continua acreditando e investindo em mim (quanta fé!), e mesmo me conhecendo tão bem, sabendo quem eu realmente sou e tendo ciência desse meu "lado negro" que eu sempre procuro ocultar, ela não se assusta, não treme e nem pensa em fugir (quanta loucura!). Posso estar enganado, mas ao que me parece, ela prefere enxergar esse meu "lado negro" como um discreto pano de fundo no qual se destacam estrelas cintilantes, luas prateadas, sóis dourados... (insana!!!)

Enfim, mais um ano se passou! E o melhor: Mais um ano está começando!

A vida continua! Feliz aniversário para mim, mais uma vez!
domingo, julho 11, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Continuo correndo pouco. Continuo distante de eventos relacionados à corrida de rua. Por quê? A resposta é simples: falta de tempo.

Sempre ouvi dizer que tempo é questão de prioridade. Se há verdade nessa afirmação, então minha prioridade número um é o trabalho. Estou sem tempo para quase tudo. Saio de casa bem cedo e retorno sempre tarde.

E a vida vai passando...

Passei a ser um corredor de fim de semana. Além de não ser uma prática saudável, nunca alcanço um bom condicionamento. Todo fim de semana é uma tentativa de recomeço. De certa forma, é frustrante, exceto pelo ditado popular que afirma: ¨é melhor pingar que secar¨.

Esperança de voltar a correr regularmente sempre há. Contudo, essa esperança nada mais tem sido que mero esperar.

O gráfico mostra que esse ano, meu volume de treino está conseguindo o que me parecia impossível: estou correndo menos que no ano passado.
sábado, junho 19, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Ontem ele se foi. Partiu sem dizer adeus. Deixou-nos para não mais voltar. José Saramago, escritor português, Nobel de literatura em 1998, não mais está entre nós. Morreu!

Sua morte, contudo, não representa necessariamente o seu fim. É certo que Saramago sobreviverá em suas obras e na memória dos muitos admiradores que conquistou em seus 87 anos de vida. Contudo, é inegável que sua subjetividade (sua capacidade de sentir, pensar, recordar, decidir, desejar), aquilo que o caracterizava e o distinguia de todos os demais, chegou ao fim, acabou, pereceu... Saramago faleceu.

Lamento...

Há quem creia em vida após a morte. Saramago não se situava entre esses. Para ele, só se vive uma vez. E foi com essa convicção que ele viveu e escreveu sua história. Ontem, o último parágrafo foi redigido e encerrado com o ponto final definitivo.
terça-feira, junho 15, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Hoje enfrentei um trânsito infernal para percorrer os míseros 18 quilômetros que separam a empresa onde trabalho de minha residência. De certa forma, era uma corrida contra o relógio. Pensando bem, "corrida" não é um termo apropriado ao contexto, já que o meu pé repousava mais no freio que no acelerador.

Tudo isso para chegar em casa em tempo de assistir ao jogo da seleção brasileira. Mal cheguei e a bola começou a rolar, mas futebol mesmo, daquele que enche os olhos, não vi. Até aí, nenhuma novidade. Ficaria surpreso se o Brasil conseguisse jogar bonito e golear a temível Coréia do Norte, uma equipe de longa tradição no cenário futebolístico mundial. Acreditem: ela tem até jogadores (uns dois ou três) com experiência internacional, acho que na China ou no Japão. Contra um time desses, o Brasil tinha mais é que jogar com dois volantes, ou três, sei lá, para garantir pelo menos o empate ou ganhar de "meio a zero" que, na opinião do Pelé, já estaria bom demais.

Enfim, ganhamos. No placar, 2 x 1 para o Brasil. Na arte, não houve vencedor. Jogo feio! Senti sono!

Uma coisa é certa: se houver mais algum jogo em horário tão impróprio quanto o de hoje, vou esperar o primeiro tempo e, pouco antes do intervalo, aproveitar as ruas vazias de São Paulo para me deslocar tranqüilamente para casa. E se perder o jogo, bem... jogo? Que jogo?
domingo, junho 13, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

A Copa está aí, mas o que é "copa" mesmo? A reposta a essa pergunta vai depender de a quem ela for endereçada.

Para mim, por exemplo, "copa" representa aquele momento único em o que o brasileiro parece se irmanar em um só sonho e caminhar numa mesma direção. Entendam-me, por favor: eu disse "parece" e as aparências podem enganar e, com certa freqüência, enganam.

Não sei por que não se trabalha durante os jogos do Brasil. E daí? O que importa mesmo é não trabalhar, não é mesmo? O brasileiro gosta de não trabalhar! Não que seja um povo preguiçoso. Longe disso. O brasileiro é trabalhador. Mas trabalhar é uma necessidade e não uma fonte de prazer, exceto para cantores e, é claro, jogadores de futebol. Jogar futebol na "copa", então, é a suprema realização para esses trabalhadores apaixonados pelo que fazem.

E a gente, que labora sem tanta paixão, pára de trabalhar para ver onze brasileiros suando literalmente a camisa. Trabalhando? Disso eu não tenho tanta certeza... Quem não gostaria de passar um mês na África do Sul, em hotel cinco estrelas, jogando bola, dando entrevista, sendo paparicados e ainda ganhando em um mês o que eu não ganho em dez anos de trabalho suado? Eu faria isso até de graça!

E deixando esse blá-blá-blá pra lá, voltemos à pergunta original: o que é "copa" mesmo?

Essa palavra nos remete à frase inglesa "World Cup". Traduziram a primeira palavra e transliteraram e adaptaram a segunda, surgindo daí a nossa "Copa do Mundo". Cup virou copa, quando a tradução mais apropriada deveria ser "copo, xícara, cálice, taça".

Ah! "taça"!

Taça, em português, além do significado primário de "espécie de copo", passou a significar também, por derivação, "troféu esportivo em forma de taça".

Notei que o dicionário Houaiss já traz o verbete "copa" associado ao significado "vaso fundo, de dimensões e formas variadas, para bebidas; taça" [1]

Então, "copa" é isso aí. Ou talvez seja muito mais... Sei lá...

E pra você, o que é "copa"?


Referências:
[1] - Houaiss: Verbete "copa" – http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=copa&stype=k
terça-feira, junho 08, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Com a palavra, o sábio Chuang Tzu:


Uma vez eu sonhei que era uma borboleta,
voando entre as flores e arbustos do jardim.

Tudo era tão concreto e real
que em momento nenhum do meu sonho suspeitei que a borboleta era eu
ou que eu fosse a borboleta.

Para todos os efeitos possíveis e imagináveis,
eu era, eu agia e eu realmente me sentia uma borboleta,
cumprindo o destino de uma borboleta qualquer.

De repente, eu acordei
e lá estava eu, sendo a pessoa que eu sempre fui
- ou que sempre imaginei ser.
Sei muito bem
que entre um homem e uma borboleta
há tantas diferenças fundamentais e insuperáveis
que a transformação de um no outro
é algo simplesmente impossível de acontecer no mundo real.

É por isso que, desde então,
eu nunca mais tive sossego
quanto à minha verdadeira identidade.
Pois não há nada que me permita saber,
com toda certeza e rigor,
sem nenhuma margem de dúvida,
se eu sou verdadeiramente um homem,
que um dia sonhou que era uma borboleta,
ou se eu sou uma borboleta,
sonhando que é um homem.

Link
Atenção: As imagens exibidas neste post são de autoria de Douglas Reis (Douglas Reis Studio)



Categoria: , | 4 Comentários
domingo, junho 06, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Aprendi a confiar em Deus e a desconfiar do homem. Isto porque Deus é perfeito, ao contrário do homem que é falho por natureza. E em sendo a ciência uma invenção humana, esse raciocínio me levou a desconfiar da ciência também.

Mas não me parece que essa desconfiança seja ruim. É bom desconfiar da ciência, e explico-me: Assim como ocorre com o ser humano, a ciência não tem propósito. Isso mesmo. A ciência, em si mesma, não tem propósito. Ela é uma ferramenta e o seu propósito é o propósito de quem a utiliza. Há quem faça bom uso dela e há quem não o faça. E como aprendi a desconfiar das intenções humanas, sou levado a desconfiar da ciência que eles fazem.

Além disso, é comum a confusão entre "fazer ciência" e "possuir titulação acadêmica". Ciente disso, a mídia explora a figura de médicos e profissionais qualificados em comerciais que promovem creme dental, shampoo, sabão em pó e seja lá o que for. Nesses casos, o que se tem em vista não é a divulgação da ciência e sim a exploração da confiança cega que grande parte da audiência deposita nela para vender um determinado produto. Essa estratégia parece funcionar, a julgar pela quantidade de comerciais que exploram essa abordagem. E ela só funciona porque muitos confiam na ciência, sem sequer saber a distinção entre um médico e um cientista. Por essas e outras, continuo desconfiando da ciência, por desconfiar dos homens que a usam e manipulam como instrumento de trabalho.

E deixando de lado o uso (às vezes inapropriado) da ciência enquanto ferramenta de trabalho, é importante lembrar que a ciência só funciona porque não se confia nela. Pode parecer paradoxal, mas se confiássemos na ciência não faríamos ciência e sim religião. Religião é a arte de confiar; ciência é a aptidão para a desconfiança. E por não confiar, a ciência exige provas e não fé. A confiança é demasiadamente passiva para levar ao esclarecimento.

Mas confiar é preciso!

De certa forma, foi a confiança que tornou possível a civilização. Precisamos confiar no diagnóstico do médico que nos examina e na opinião do mecânico que revisa nosso carro. Não dá para saber tudo sobre tudo, então, a alternativa viável é confiar. E se confio em alguém, aceito o que ele me diz como sendo uma verdade. O problema desse sistema baseado na confiança é que posso ser induzido a equívocos, ainda que a pessoa em quem deposito minha confiança não seja mal intencionada. É como dia a Bíblia: "maldito o homem que confia no homem" (Jeremias 17:5).

Desconfiar também é preciso!

Mas fazer ciência não é desconfiar por desconfiar. A ciência segue um método, ou melhor, vários métodos, mas todos eles embasados em duas características comuns: o empirismo e a crítica (a tal desconfiança permanente). Por que o céu é azul? Por que, ao soltar um objeto, ele cai em direção ao solo? É o sol que se move ao redor da terra ou o contrário? Por que existe algo e não o nada? E o cientista observa, coleta informações, conduz experimentos, coleta dados, tenta reproduzir os mesmos efeitos em laboratório, acata e descarta hipóteses e segue em busca de respostas.

Recomendo que desconfiem da ciência, pois ela é falha. Lembrem-se de que algumas verdades científicas perderam esse status diante de novos avanços da própria científicos. É a ciência sendo usado como instrumento para se corrigir e melhorar. Ora, se ela fosse perfeita, não precisaria de correção, não é mesmo? Com efeito, em determinadas áreas do saber, parece-me difícil afirmar que a ciência chegou ou chegará ao pleno conhecimento da verdade. Ela está sempre se aproximando...

Recomendo que desconfiem da ciência, pois ela é imperfeita. Mas, justiça seja feita, ela é o melhor que o gênio humano conseguiu elaborar para compreender este universo do qual fazemos parte. Desconfio, sim, da ciência, mas aprendi a admirá-la e vou lhe dizer o por quê.

Nós temos hoje uma vida que, há duzentos anos, não era sequer sonhada por reis e rainhas: automóveis, aviões, casas confortáveis, computadores, telefonia celular, internet, produtividade no campo, medicina avançada e por aí vai. Em decorrência disso, a expectativa de vida vem subindo gradativamente e a qualidade de vida também. Isso se observa a cada nova geração: eu vivo hoje em condições mais favoráveis que meu pai, quando ele tinha a minha idade. É a ciência promovendo a vida humana.

Mas há quem pense de forma diferente. Há quem queira intervir dizendo que a ciência tornou possível a bomba atômica. A esses eu afirmo que, infelizmente, a política e os políticos não conseguiram acompanhou o avanço da ciência, o que é uma pena...
domingo, junho 06, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Conforme comentei aqui, planejei correr 40 Km neste fim de semana prolongando. Hoje, domingo, registro aqui o cumprimento dessa meta. Consegui! E o melhor é que não estou sentindo dor muscular ou desgaste físico. Isso porque segui a regra básica de respeitar os limites do corpo.

Resumidamente:

Quinta-Feira : Dia frio e nublado. Deixei para correr por volta do meio dia. Foram 12 Km em ritmo confortável.

Sexta-Feira: O dia começou com pouco sol e temperatura baixa. Resolvi manter a estratégia de ontem e correr ao meio dia. À essa altura, o sol já havia se despedido e o céu se revestia de nuvens cinzas. Saí de casa correndo e cheguei ao parque Burle Marx. Resolvi entrar e dar umas voltinhas por lá. O parque estava vazio e, dentro da mata, o vento gelado causava desconforto. Depois de uns quatro quilômetros, resolvi abandoná-lo e retornar para casa, após 15 Km de muita satisfação e pouco suor.

Sábado: Passei o dia descansando e lendo. Ao final do dia, olhei pela janela e contemplei o sol que, entre nuvens, se despedia do dia. A escuridão não tardou em chegar e o céu tornou-se negro. Senti vontade de me mexer um pouco. Precisava "balançar o esqueleto", mas faltava-me ânimo para abandonar o conforto do lar. Então resolvi ligar a esteira e trotar um pouco. Pela janela, entreaberta, observei que a luz artificial da cidade se esforçava para combater as trevas da noite. Iluminado por essa luz artificial eu prosseguia correndo no ritmo determinado pela esteira.

Correr em esteira é entediante. Os segundos se alongam, os minutos parecem horas, o tempo não passa. Pensei: "Às vezes a vida se parece com o correr em esteira. Esforçamo-nos, suamos, cansamos, corremos, mas não saímos do lugar" (ainda bem que nem sempre é assim). E entre um pensamento e outro, consegui resisti e percorrer 10 Km "sem sair do lugar".

Domingo: O dia amanheceu ensolarado e vivo. Céu de brigadeiro, outonal, azul, sem nuvens. Fantástico! Precisava correr apenas 3 Km para alcançar a meta de 40 Km. Parecia fácil, ainda mais neste dia, tão propício à prática de esporte. Sai para correr por volta do meio dia, não antes de consultar o tempo e constatar que a temperatura era de 17 graus. Comecei a correr e a desfrutar desse dia de muita luz. Fui degustando, aos poucos, lentamente, com imenso prazer, cada quilômetro percorrido. Que delícia! Cheguei à Marginal do Rio Pinheiros, segui até a ponte Morumbi, atravessei-a e segui no sentido sul. Corria com leveza, embalado por muita endorfina. O tempo voou e, quando me dei conta, já havia percorrido 14 Km. Hora de parar. Peguei o metrô e retornei para casa.

O fim de semana prolongado se aproxima do fim. Ao todo, foram 51 Km em quatro dias. Estou bem, sem dores e sem seqüelas.

Consegui!
sábado, junho 05, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges


Minha esposa se encantou com esse jingle. E não é que ela tem razão? Esses comerciais com crianças são feitos sob medida para agradar adultos. O timbre do vocalista não poderia ser mais apropriado. Segue a letra.

Olha só como se tira o nó,
Olha só como se tira o nó,

Primeiro faz o nó,
Juba de leão,
Boné,
Cortina,
Punk,
Coqueiro,
Roqueiro,

Agora tira o nó,
Shuaaaaaaaa,

Fechar (tchui, tchui)
Secar (tchop, tchop, tchop, tchop)

Macio como a mão da mãe da gente,
Passa o pente sem parar.

Uuuu, uuu,
Nó? no no.
sexta-feira, junho 04, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Estabeleci duas metas para mim neste final de semana prolongado que teve início ontem, com o feriado de Corpus Christi: Correr pelo menos quarenta quilômetros e publicar pelo menos quatro textos em meu blog.

A primeira parte está indo bem: ontem corri 12 Km, hoje 15 Km e no domingo correrei os 13 Km que faltam. Alcançar a segunda meta, porém, não vai ser nada fácil. Estou sem disposição para escrever. Mas como promessa é dívida, preciso pelo menos tentar. E já que ontem foi feriado (bendito feriado!!!), vou tentar encontrar nele inspiração para redigir alguns parágrafos.

A motivação religiosa que deu origem ao feriado de Corpus Christi é a celebração da presença real e substancial de Cristo na Eucaristia, um dos sete sacramentos da igreja Católica. Fiz questão de salientar em negrito essas duas palavras porque, no entender dos pais da igreja e de seus herdeiros que residem no Vaticano, ao participar desse rito sagrado, o fiel não está provando de mero pão e vinho e sim alimentando-se do próprio corpo e sangue de Jesus. Se tal milagre acontece de fato, então é justo afirmar que os fiéis (cientes ou não) estão participando de um rito macabro, que pode ser classificado como antropofagismo e, talvez, vampirismo.

Toda essa confusão de deve à interpretação de uma frase pronunciada por Jesus durante da celebração da última ceia com seus discípulos. À certa altura, Jesus disse em tom solene: "...tomai e comei, este é o meu corpo... tomai e bebei, este é o meu sangue." (Mateus 26:26-28). Pronto! Os pais da igreja interpretaram esse texto ao pé da letra!

Penso que a maioria dos brasileiros que se identificam com o católicismo não está nem aí para essa interpretação literal. A maioria não acredita nesse milagre que transforma pão em carne humana e fiéis em canibais. A maioria não tem tanta fé assim. Para estes, a afirmação de Cristo não passa de uma metáfora. (OBS: julgo importante lembrar que, para os cristãos protestantes, as palavras de Jesus foram, de fato, metafóricas, simbólicas).

Seja como for, o lado bom dessa história é que, graças a ela, ganhamos esse feriado religioso, cujo significado interessa a poucos, mas que nos rende um belo e longo fim de semana de folga. Então, exclamemos todos: "Bendito Corpus Chisti", ou, como se diz na língua dois pais da igreja: "Corpus Chisti beatus est", ou algo parecido.

Bom e longo fim de semana a todos!
domingo, maio 30, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Continuo treinando pouco. Na média, estou perdendo para o ano passado que, por sinal, não foi nada bom. Mas acredito que vou começar a reverter esse quadro.

Em abril participei de uma corrida de montanha e, em seguida, passei quase trinta dias de molho, fazendo exercícios localizados e uma avaliação semanal em esteira, trotando. Por fim, voltei a correr na rua em ritmo lento (acima de 6:00 min/km), aumentando o volume até atingir a marca de uma hora ou dez quilômetros.

Resumo de maio:

- Volume de treino: 69 Km.
- Ritmo médio do mês: 6:01 min/km (cerca de 10 Km/h).
- Expectativa: Aumentar o volume em junho, sem a preocupação de melhorar o ritmo.
domingo, maio 16, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
A propósito do artigo "Sobre a vida após a morte..." publicado no site "Convictos ou Alienados", achei por bem colocar aqui minhas impressões: renascer após a morte do corpo, sobreviver ao decaimento da matéria, viver eternamente no tempo, tem sido um sonho da humanidade. De certa forma, somos todos Ponce de Leon em busca da fonte da eterna juventude.

Nesse aspecto não me diferencio dos demais. Cresci acreditando em vida eterna num paraíso encantado onde todos se vestem de branco, tocam harpas e não se cansam de exclamar "Aleluia"! Um lugar onde não há dor, morte, perigos, riscos ou qualquer tipo de ameaça. Um lar de paz...

Paz? Sim. Paz para sempre. Nenhum conflito, nenhuma desavença, nenhuma intriga, nenhuma divergência, nenhuma discordância... Será que eu seria feliz vivendo eternamente em tal lugar? Não sei. Tenho cá minhas dúvidas. Às vezes me parece que viver eternamente possa não ser tão bom quanto costumamos supor. E me sinto tentado a imaginar que até os maiores defensores desse viver sem fim, depois de alguns séculos ou milênios, começariam a se sentir incomodados pela paz inabalável e quietude rotineira desse lugar e passariam a entender melhor o significado da palavra "tédio".

Vida eterna nesse paraíso implica em ausência de risco, e não posso negar que, aos meus olhos, os riscos são ingredientes indispensáveis ao tempero do existir, diferenciando fatos comuns de eventos marcantes, inesquecíveis.

Além disso, na economia da vida (desta vida que é a única que conhecemos), o valor das coisas está associado, em parte, ao seu grau de escassez. Ouro e diamante têm grande valor porque não existem às pencas como seixos e cascalho. De igual modo, essa vida que temos é ouro e diamante justamente por ser curta e fugaz. Cada dia vivido nos aproxima do fim inevitável. Cada passo que damos nos conduz à morada do silêncio, à terra do esquecimento, aos braços da morte. Sabemos disso. Sabemos que a vida não é eterna e nos apegamos a ela com unhas e dentes, dando-lhe o valor que, de fato, ela merece ter. A morte torna a vida preciosa!

Gosto de viver, a despeito das dores e dissabores que fazem parte do meu existir. A grandeza do universo e a inocência de uma criança são exemplos de fenômenos que me encantam e emocionam. E há tantos outros mistérios que gostaria de desvendar, tantas experiências inusitadas que gostaria de vivenciar, tantos caminhos que ainda desejo percorrer... Meus dias são tão curtos, tão breves, tão insuficientes para me ensinar tantas lições, que às vezes me pego dominado pelo sentimento irracional de revolta, de ódio contra sei lá quem ou o quê. E me vejo perguntando: Por que a vida é assim, tão injusta, tão curta? Por que vivemos tão pouco? Que são 40, 70 ou 100 anos de vida quando comparados aos milênios de história da raça humana?

Quero viver mais sim, admito, mas isso não significa que deseje viver para sempre. Temo os superlativos e costumo evitar o uso de palavras que expressam o absoluto, tais como "sempre", "todos", "eterno" e outras do gênero. Quero viver mais. Quero viver muito. Quero viver o suficiente para poder afirmar: "já vivi o bastante". Admito o meu receio de viver eternamente...

Curiosamente, as religiões ensinam que nosso maior inimigo é o EGO. Aprendi essa lição quando criança, embora, naquela época, não a tenha entendido. Ego? O que é isso?

Ego, penso eu hoje, é esse algo que insiste em ter, em ser, em estar, em viver eternamente... No dia em que conseguirmos nos desprender dele, como recomendam as religiões, sobrará algo que possa desejar viver eternamente?
domingo, maio 16, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

Ontem assisti ao filme "2012". Em poucas palavras eu diria que o filme é lamentável. Uma coleção de exageros sem graça num enredo fraco e bastante explorado em filmes desse gênero. Esperava mais, mas isso é problema meu, afinal, eu sou responsável pelas minhas expectativas.
Categoria: | 10 Comentários
domingo, maio 02, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Estou aqui, diante da TV, assistindo à Maratona de São Paulo. Consultei a temperatura de momento no site www.wheater.com: tempo bom e temperatura de 17 graus. A Máxima deverá chegar aos 26, provavelmente por volta das 13:00h. Mais uma vez fiquei de fora, por falta de condicionamento físico para enfrentar o desafio de correr 42 km.

Tenho treinado pouco, como se vê no gráfico ao lado. Foram apenas 53 quilômetros no mês de Abril, mês esse que marcou minha estréia nas corridas de montanha. Fui convidado pelo Cleiton, do blog "Saude, Saber, Virtude", a quem agradeço pelo convite, orientações e apoio. Correr em montanha é diferente de correr no asfalto. A natureza esbelta e envolvente, o ar puro, os obstáculos naturais como rios, aclives e declives acentuados, dão a essa prova um colorido especial e desafiador. Corri seis quilômetros que exigiram mais do que uns 10 ou 12 no asfalto. Gostei e penso em participar novamente. Antes, porém, terei que me condicionar melhor e fortalecer a musculatura da perna, especialmente das panturrilhas, que costumam atrapalhar meus treinos e até interrompê-los de tempos em tempos.

A maratona prossegue na telinha da globo. O Canal do Tempo (wheater.com) informa que a temperatura já subiu para 18 graus. São 9:34h. A Marily lidera no feminino e, no masculino, há um bloco com quenianos e brasileiros. Vou continuar acompanhando e ver no que vai dar.
terça-feira, abril 27, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Terminei hoje a leitura do livro "Caim" de Saramago. Li-o, quase sempre, nas idas para o trabalho, em ônibus cheios e lentos, às vezes em pé e raras vezes sentado. "Caim" foi meu companheiro virtual de viagem nesses últimos dias.

Confesso que estranhei a organização do livro, com seus parágrafos intermináveis (há casos em que o capítulo inteiro se constitui de um único parágrafo), sua pontuação confusa e a grafia de nomes próprios como "caim", "abel", "deus" sempre iniciados com letras minúsculas. Não sei o que levou o autor a organizar assim sua obra, mas se era seu intento causar-me desconforto, certamente conseguiu. Imaginem o quanto sofri, lendo dentro de um ônibus urbano, em meio a solavancos constantes, freiadas bruscas e aceleradas nervosas! Era quase impossível não me perder naqueles parágrafos eternos e de pontuação diferenciada!

Mas Saramago é Saramago. Prêmio Nobel em literatura e, como tal, em posse do direito legítimo de escrever do jeito que melhor lhe apetece e até inventar moda. E, convenhamos, ele escreve bem demais! Em seu livro, Saramago brinca com as palavras com tal facilidade, elegância e beleza que logo despertou em mim o meu sombrio lado "caim". Isso mesmo. Quanto mais o lia, mais a inveja me consumia. Não tardei em ver nele um "abel" que precisava ser eliminado, por ser melhor – muito melhor – que eu no manejo das letras e na arte de escrever. Senti-me preterido pelos deuses que deram a ele (Saramago) o dom da eloqüência verbal, a habilidade de se expressar em palavras com maestria divina. Entre um capítulo e outro, comecei a engendrar planos maquiavélicos para bani-lo da face da terra. Mais uma vez, a história de Caim e Abel se repetia, desta vez tendo a mim como um dos protagonistas. Qual seria o desfecho?

Felizmente, não levei a termo minha más intenções. Primeiro porque o livro chegou ao fim antes que minha cota de inveja e rancor transbordasse em ações homicidas e, segundo, porque o Saramago não deu as caras em nenhum dos ônibus em que eu estava. Pelo visto, além de escrever bem ele também tem muita sorte (rs).

Quanto ao enredo, confesso que esperava mais. Entre pitadas de humor, ironias e sarcasmos, o caim de Saramago é-nos apresentado como um herói, um homem ressentido contra seu deus, um andarilho que viaja no tempo e que sempre aporta em momentos da história bíblica nos quais as ações divinas podem ser tomadas como más, absurdas, irracionais, violentas, desumanas e nada divinas. Parece-me que, no entender desse caim, o problema do mundo e o sofrimento humano são conseqüências da existência desse deus imaturo, invejoso, rancoroso e tirano a quem temos o dever de adorar e servir. Esse "caim" teria matado "abel" por não ser capaz de matar o próprio "deus". Por intenção, portanto, deus estava morto para ele.

Depois de concluída a leitura, peguei-me perguntando a mim mesmo se ao Saramago, tão hábil com as palavras, não faltou perícia no uso de algumas expressões e colocações. Como é do saber de todos, a Bíblia é uma relíquia religiosa e cultural, o livro sagrado de milhões e milhões de pessoas, muitas das quais se sentem ofendidas ao perceberem o descaso e suposto desrespeito demonstrando por uma sumidade laureada com o Prêmio Nobel. É certo que, ao Saramago, não faltou perícia. Ele sabia muito bem o que estava escrevendo. Parece-me que ele gosta desse tipo de provocação. Lembremo-nos de sua afirmação pregressa, polêmica, provocante de que "a Bíblia é um manual de maus costumes".

Concluindo, é sempre bom ler Saramago. Admito que algumas perguntas levantadas por ele em alguns diálogos entre "caim" e "deus" são intrigantes. A despeito disso, classifico o livro como entretenimento, distração, um sedativo que me ajudou a encarar os ônibus lotados e trânsito moroso de São Paulo.
Categoria: | 1 Comentários
sábado, abril 24, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Deparei-me há pouco com uma pesquisa interessante realizada pelo Datafolha em dezembro de 2009 e divulgada em Janeiro deste ano. Trata-se do ranking das maiores torcidas do Brasil.

O Flamengo aparece no topo com 19% da preferência, seguido pelo Corinthians e demais times. O curioso é que lá embaixo, em "último" lugar e superando até mesmo a grande nação flamenguista, aparece o percentual de brasileiros que sequer torcem pela nossa seleção. Esses, representam 23% da população.

Ademais, ouso afirmar que boa parte dos que se declararam torcedores de um ou de outro time, não está nem aí para futebol. Entre esses me situo. Acompanho as notícias para não ficar por fora. Quando dá, assisto aos jogos das finais de campeonatos e me reconheco como um admirador da arte de se jogar bola, arte como o que vem sendo apresentado pelo Santos ultimamente. Mas se houver algo mais interessante para fazer, dispenso, sem remorso, até mesmo um jogo da seleção em copa do mundo.


Para mais detalhes, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_das_maiores_torcidas_de_futebol
Categoria: | 3 Comentários
sábado, abril 17, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

Não resisti à tentação e adquiri ontem o último romance de José Saramago, chamado "Caim". Por enquanto, li apenas o primeiro capítulo, suficiente apenas para aguçar meu interesse na leitura.

Como é de se esperar, o enredo se ancora no personagem bíblico que veio a ser o terceiro humano a habitar este planeta e o primeiro a, de fato, nascer nele. Saramago não é cristão. Não acredita em Deus e chega mesmo a afirmar que "a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana." [1]

O livro (e seu autor) tem sido alvo de muitas críticas, principalmente da igreja católica.

Em breve, colocarei aqui minhas impressões sobre essa leitura.


Categoria: | 1 Comentários
domingo, abril 11, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Divirtam-se com o vídeo abaixo (duração: 2 minutos).

sábado, abril 10, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
"Prosa" é o que se elabora ao digitar textos iguais a este, organizados em parágrafos e sem nenhuma divisão rítmica intencional. "Poesia", por outro lado, é a arte de usar a linguagem humana com fins estéticos; de dar a elas nuanças sublimes - difusas, mágicas - que as fazem transcender seu significado literal e as capacitam a expressar aquilo que as palavras, por si só, não conseguem dizer.

Gosto de escrever em prosa, sabem por quê? Porque é a único modo em que consigo escrever! Gostaria de saber me expressar em forma de poesia! Gostaria... Mas esse dom me foi negado; essa habilidade, infelizmente, não consegui desenvolver... Até tentei, sem êxito, porque, como assevera a sabedoria popular, "o poeta nasce..."

Contudo, essa minha limitação não me impede de apreciar a sonoridade métrica de um verso, nem me desencoraja da busca pelo significado abstrato que se funde e confunde com sua forma concreta.

É fato que, nem sempre consigo interagir com uma poesia como, suponho, se deve fazê-lo, isto é, por meio do coração. Quase sempre me deixo influenciar pela cabeça pensante e permito que a razão se interponha como elemento mediador. E ao usar esse filtro, a magia se desfaz. E grande parte da arte se esvai. E os segredos se mantêm velados. E os mistérios permanecem ocultos. E a beleza perde o encanto. E o ler poesia se torna mais pesado do que o ler um jornal especializado em economia...

Em tempos tão corridos, ler prosa tem-se mostrado mais prático e eficiente do que ler poesia. Poesia requer atenção, concentração, sensibilidade, entrega, dedicação, abstração, reflexão e tempo. E quem, hoje em dia, tem tempo para poesia?

Ah! Mas hoje, sábado. E neste hoje, encontrei um tempinho para apreciar uma poesia de inspiração religiosa, que encerra em seus versos tal profundidade e beleza que eu, com minha prosa inculta e insossa, nunca serei capaz de expressar...

E me percebo acometido por um dos sete pecados capitais: a inveja! Como gostaria de ser poeta! Como gostaria de ter esse dom! Como gostaria de ter sido eu o autor de tão bela obra de arte! Como gostaria de... Opa! "Para trás, Satanás"!

O que transcrevo, abaixo, é poesia, pura poesia: arte de dizer o indizível, de dar forma ao informe; de tocar o intocável. E por mais que eu multiplique aqui minhas débeis palavras, não conseguirei transmitir o que essa poesia, em sua simplicidade e beleza, consegue expressar... porque não sou poeta, não tenho alma de poeta, não aprendi usar palavras para superar as limitações e incongruências inerentes às palavras. Resta-me, então, resignar-me em silenciosa admiração - estático e extático.

Faço-lhe um convite: aprecie comigo a poesia de Tereza de Ávila, que viveu no século XVI e foi canonizada cem anos mais tarde.

A Cristo crucificado

Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido:
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte.

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu, ainda te amara
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.
domingo, abril 04, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
No texto publicado anteriormente (clique aqui para lê-lo), registrei minhas impressões a respeito da leitura do livro "Deus Existe" de Antony Flew. Transcrevo abaixo algumas palavras do próprio autor, extraídas do último capítulo dessa obra.

A ciência, como ciência, não pode fornecer um argumento a favor de Deus, mas as três peças de evidências que analisamos nesse livro – as leis da natureza, a vida como uma organização teleológica e a existência do universo – só podem ser explicados à luz de uma Inteligência que explica tanto sua própria existência, como a existência do mundo. A descoberta do Divino não vem através de experimentos e equações, mas por uma compreensão das estruturas que eles revelam e mapeiam.

Agora, tudo isso pode parecer abstrato e impessoal. Alguém pode perguntar como eu, como pessoa, reajo a essa descoberta de uma suprema Realidade que é um Espírito onipresente e onisciente. Volto a dizer que minha jornada para a descoberta do Divino tem sido, até aqui, uma peregrinação da razão. Segui o argumento até onde ele me levou, e ele me levou a aceitar a existência de um Ser auto-existente, imutável, imaterial, onipresente e onisciente...

Para onde irei agora? Em primeiro lugar, estou inteiramente disposto a aprender mais sobre a divina Realidade, especialmente à luz do que sabemos sobre a história da natureza. Em segundo lugar, a questão sobre se o Divino se revela na história humana continua sendo um válido tópico de discussão. Não podemos limitar as possibilidades da onipotência, apenas excluir o que for logicamente impossível. Tudo o mais é aceitável à onipotência.
[1]

Referência
[1] – Deus Existe, páginas 144 e 145.
domingo, abril 04, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
O título acima me remete ao décimo e último capítulo do livro "Deus Existe" de Antony Flew. Pareceu-me que esse título conseguiu captar, de forma concisa, sua atitude e postura atuais, que se contrapõem a sua história de defesa do ateísmo. História essa que se estendeu por mais de cinco décadas e ficou registrada em diversas publicações que lhe renderam popularidade e respeito entre que defendem a hipótese da não existência de Deus. Tal mudança de rumo em sua vida despertou em mim enorme curiosidade, embora não me tenha surpreendido.

Curiosidade porque Antony Flew é conhecido como um dos maiores defensores do ateísmo nos últimos cinqüenta anos; por ser, ele, um grande vulto no campo acadêmico e uma referência em se tratando de apologia ao ateísmo. Fiz a mim mesmo a pergunta que muitos certamente fizeram também: o que o levou a mudar de lado?

A despeito dessa curiosidade, confesso não ter ficado surpreso, porque entendo que as pessoas verdadeiramente sábias tendem a ser igualmente humildes. O sábio, suponho, ciente da dinâmica da existência e das limitações e inconstância do saber humano, admite e presume que a verdade de hoje possa perder esse status amanhã. E em se confirmando essa suposição, ele se dispõe a rever seus conceitos, reavaliar suas idéias, reestruturar sua posição e reformular sua visão do mundo e da realidade. Flew, em minha opinião, se encaixa nesse perfil de sabedoria.

Durante a leitura fica claro que o lema de Flew sempre foi "seguir o argumento até onde ele o levasse". Tal atitude o levou à defesa do ateísmo, sempre ancorado em argumentos racionais, que podem ser lidos nos vários livros e artigos que publicou. Contudo, em dado momento, esse mesmo princípio – o de seguir o argumento até onde ele o levasse – o conduziu a conclusões inusitadas, que o levaram a reconsiderar sua posição, mudar de lado e a declarar publicamente que Deus existe. Julgo importante destacar que essa afirmação não resultou de um "encontro com o Sagrado", mas de uma descoberta de natureza puramente racional.

Não pretendo, aqui, discutir os argumentos apresentados e defendidos por Flew. Reconheço e admito não ter autoridade para concordar ou discordar deles. Não sou filósofo nem cientista. O máximo que posso fazer é emitir uma opinião pessoal que, como qualquer opinião, vale mais para quem a emite do que para quem a lê ou ouve.

Já adianto que tenho grande admiração por aqueles que, consciente e deliberadamente, mudam de posição quando convencidos de que essa é a decisão a ser tomada. É preciso muita coragem para sair da zona de conforto e enfrentar os desafios impostos pela mudança. Essa atitude, por si só, despertou em mim respeito pelo autor e interesse em ouvir o que ele tinha a dizer.

Quanto ao conteúdo do livro em si, gostei da leitura e a recomendo a todos que se interessam por esse tema. Porém, é possível que aqueles que esperam encontrar nas páginas desse livro referências ao Deus cristão se decepcionem um pouco. O Deus em quem Flew passou a acreditar é descrito por ele como "um Ser auto-existente, imutável, imaterial, onipotente e onisciente"[1], até aqui, parecido com o Deus da Bíblia. Mas as semelhanças param por aí. Não encontrei, em seu livro, nenhuma alusão a um Deus pessoal, amigo e interessado nas particularidades da vida de seus filhos. Flew faz questão de afirmar que não acredita em outra vida ou sobrevida ou vida após a morte. Conseqüentemente, não há um céu a buscar ou inferno a temer. Em outras palavras, embora acredite em Deus, seria errôneo de nossa parte presumir que ele tenha se tornado um cristão.

Seja como for, é bom saber que homens como Flew, e outras tantas autoridade do mundo acadêmico citados por ele, fazem parte de uma comunidade crescente de filósofos e cientistas que acreditam na existência de uma Mente Criadora.

Deus existe! É a conclusão a que Flew chegou. Para não me alongar mais, colocarei um ponto final nesta postagem e publicarei , em breve, as próprias palavras dele, extraídas do último capítulo de seu livro, que sintetizam muito bem seu pensamento e posição.

Até mais!

Referência:
[1] Deus Existe, página 144.
domingo, abril 04, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

"Quando eu estava subindo a escada,
Encontrei um homem que não estava lá.
Ele não estava lá hoje também.
Ah, como eu queria que ele fosse embora!"


Autor: Willian Hughes Mearns.

Categoria: | 1 Comentários
sábado, abril 03, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

O feriado de páscoa prossegue. Desci a serra do mar e estou aqui, descansando sob um cobertor de nuvens que deixa o tempo bastante abafado no litoral. Choveu fraco pela manhã e o Sol, preguiçoso, não fez questão de brilhar. No fim do dia a chuva voltou, suave e constante, aliviando o calor e deixando a noite agradável.

Aproveitei boa parte do dia para concluir a leitura do livro de Antony Flew "Deus Existe", faltam ainda os apêndices "A" e "B", os quais lerei mais tarde. Pretendo postar aqui, em breve, minhas impressões sobre essa leitura.

Por enquanto, segue o resumo de minhas corridas em 2010. De certa forma, é mais do mesmo, portanto não precisarei me alongar: pouco treino, algumas lesões, nenhuma participação em eventos e por aí vai. O ponto positivo é que, apesar de tudo, ainda estou treinando e o prazer de correr permanece comigo, não tão intenso quanto no passado, mas ele está aqui, digitando esse texto comigo.

O gráfico exibido acima compara o volume de treino atual (2010) com o do ano anterior (2009). Até aqui foram 257 quilômetros de treino em 2010 contra 309 quilômetros no mesmo período em 2009. Preciso dar uma equilibrada nesses números!
sábado, abril 03, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
O atual calendário de páscoa é, no mínimo, confuso. Não estou me referindo à forma de se calcular a data em que a páscoa será comemorada e sim à seqüência de eventos relembrados nesse feriado de origem judaico-cristã.

De acordo com a narrativa bíblica, Jesus entrou em Jerusalém numa quinta-feira e seu martírio se deu na sexta-feira, véspera da páscoa judaica. Durante a páscoa ele permaneceu no túmulo e na manhã de domingo ressuscitou. Essa seqüência de eventos difere da que é seguida, hoje, pelo mundo cristão. Vejamos:

Sexta-Feira "santa". Relembramos a morte de Jesus. Ok.

Sábado de "aleluia". Festeja-se a ressurreição de Cristo. Aqui começam as diferenças cronológicas. Deveria ser sábado de "páscoa".

Domingo de "páscoa". A diferença prossegue. Deveria ser domingo de aleluia, em comemoração à ressureição de Cristo.

Seja como for, penso que a maioria não se incomoda com essas incongruências e aproveita a páscoa para viajar e descansar.
Categoria: | 1 Comentários
quinta-feira, abril 01, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Faz um tempão que não passo por aqui. O blog ficou entregue às moscas. Mas hoje, véspera de feriado, voltei a este espaço, para remover a poeira e abrir janelas e portas, na esperança de que ar puro e luz solar possam entrar e revigorar as páginas deste site.

A vida vai bem, graças a Deus, apesar do ritmo intenso que me deixa quase sem tempo para investir em mim mesmo. Mas hoje, já em clima de feriado, me permiti revisitar este espaço em que, "de texto em texto" vou tecendo pretextos para falar comigo mesmo sobre temas variados.

Amanhã será feriado, graças a Deus, literalmente! Digo "literalmente" porque, de acordo com a tradição cristã, foi há muito tempo e muito distante daqui, numa sexta-feira, que o comum e o extraordinário se manifestaram "em carne e osso" na pessoa de Jesus de Nazaré, transformando a cruz – horrendo símbolo de morte – em forte e significante emblema de vida.

O tempo passou. Uns dois mil anos... Muito tempo! E o tempo, com seu poder corrosivo, deixou sua marca na história desses dois milênios: arruinou impérios, destruiu nações, sufocou povos, apagou fatos, desgastou lembranças e encobriu grande parte da própria história. Curiosamente, a história de Jesus de Nazaré – o homem que era Deus, ou o Deus que era homem – não só resistiu à ação erosiva do tempo como também ganhou força, renovou-se e conquistou milhões de seguidores em todo o mundo!

O que de fato aconteceu naquela longínqua sexta-feira lá "nos páramos da Palestina" (como dizia um velho amigo, de quem guardo lembranças e saudades) não se pode saber ou afirmar com certeza. Mas a fé cristã, fé que metaforicamente se faz certeza naquele que crê, aceita e entende que, naquele dia, o Céu se abriu para conceder à humanidade o maior dos dons: o direito à vida plena e eterna, desfazendo a maldição da morte que pairava, qual sombra sinistra, sobre todos filho de Adão.

Amanhã terá início o feriado de páscoa... graças a Deus! Pretendo fazer bom uso dele.
domingo, fevereiro 21, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Já estamos em fevereiro e meus treinos seguem no mesmo ritmo do ano passado: volume baixo, ritmo lento, pouca disposição e ausência de metas. Isso não é bom, mas, por enquanto, não sei o que fazer para mudar esse quadro.

Hoje mesmo não consegui ir além dos 5,4 km no sobe-e-desce do bairro. Começo pensando em correr pelo menos 10 km, mas após uns quatro, o desânimo se agiganta e eu me rendo.

Preciso de motivação!

Em Janeiro corri apenas 84 quilômetros. Em fevereiro, até agora, não passei dos 58...
quarta-feira, fevereiro 17, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Neste feriado de carnaval tive a oportunidade de descansar um pouco e fugir da agitação de São Paulo. Desci a serra e busquei refúgio no litoral. É evidente que minha idéia de "refúgio" não foi nada original. Milhares de paulistanos fizeram o mesmo que eu.

Surpresa mesmo foi a presença de vários sóis lá embaixo. Pelo menos um sol para cada paulistano. O calor estava insuportável. Tudo bem que estamos no verão e sabemos que, nessa época do ano, o astro rei costuma se assanhar, mas desta vez ele exagerou na dose. Mesmo com os ventiladores trabalhando em altíssima rotação, o alívio era mínimo. Bastava uma piscada para se começar a suar, mais uma para se desidratar, e na terceira corria-se sério risco de se liquefazer.

Lembrei-me das pragas do Apocalipse. Uma delas dizia que nos últimos dias o Sol se aqueceria sete vezes mais. Sete? Parecia-me que havia, lá embaixo, uns "setenta vezes sete" sóis pulando carnaval e pondo fogo no mar. Isso mesmo, a água do mar não estava fria, estava morna e com viés de alta.

Lembrei-me também da Divina Comédia e, por alguns instantes, cheguei a acreditar na existência do inferno. O inferno não é um lugar bem quente? Pois é, senti-me como se estivesse na ante-sala dele. Não cheguei a ver o Capeta, mas notei alguns vultos estranhos tremulando no ar... Miragens, insolação ou percepção extra-sensorial?

Calor à parte, dei uma bela descansada e consegui me desligar do dia-a-dia de São Paulo. Melhor teria sido se o Sol também tivesse se desligado um pouco...
segunda-feira, janeiro 25, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Quase meia noite. Tenho pouquíssimo tempo para registrar aqui meus parabéns a esta cidade que hoje comemora 456 anos de existência. São Paulo, hoje é seu dia! Que posso dizer desta cidade que ainda não tenha sido dito?

Na falta de tempo (e de criatividade), serei repetitivo. Para mim, São Paulo é a cidade dos contrastes: tão imponente com seus arranha-céus e, ao mesmo tempo, tão frágil perante a chuva que cai do céu. Tão grande e, às vezes, tão medíocre. É amor e ódio. Vida e morte. Multidão e anonimato. Encontros e desencontros. Uma encruzilhada... São Paulo: dolorosa convivência, difícil separação.

São Paulo... Aqui cheguei há muito tempo. Fui ficando... Pensei muitas vezes em ir embora. Não consegui. São Paulo me conquistou, não sei bem como. Fez de mim um amante fiel. Hoje só penso em ficar um pouco mais e, se sair, não quero me distanciar, porque São Paulo, apesar do que dizem, apesar do que eu mesmo possa dizer, é meu canto, minha casa, meu lugar.

Será que algum dia a abandonarei? Não sei, mas penso que se algum dia sair daqui, levarei essa cidade comigo, pois me confundi com ela a ponto de me sentir seguro em afirmar que "sou São Paulo".

Megalomania? Loucura?

Não. Metáfora!

Sou São Paulo. Sou contrastes. Sou confuso. Sou confusão. Multidão e solidão ao mesmo tempo. Frio e calor num mesmo dia. Quatro estações em poucas horas. Sou seu clima temperamental. Terra da garoa que virou tempestade! Quanta chuva! Minha prece: São Pedro, tenha piedade de São Paulo!

Sou São Paulo. Cresci sem muito planejamento. Dei-me conta de que sou grande, cheio de feiúra e beleza, ruído e música, concreto e jardim. Contrastes e mais contrastes... Melhor deixar pra lá.

Enfim, mais um aniversário. São Paulo, hoje é seu dia, e devo lhe confessar: quisera que todos os dias fossem seu aniversário, só pra gozar de um pouco mais de calma e escapar de sua rotina sufocante sem precisar me afastar de você...

Parabéns! Vou repetir uma, duas, três, 456 vezes...
sábado, janeiro 16, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Aconteceu novamente! Eu já estava me esquecendo da tragédia em Angra dos Reis e lá vem outra me atormentar! Desta vez a natureza mostrou sua face escura numa ilha do Caribe, onde fica o Haiti, um pequeno país de pouco ou nenhum destaque no cenário mundial. Na última terça-feira (12/01/10), esse país que já era o mais pobre das Américas, tornou-se também a expressão máxima de desgraça no mundo. Desde então, seu povo padece, sofre, sangra, chora e não para de contabilizar os mortos. Já são mais de cinqüenta mil e, possivelmente, esse número ultrapasse a casa dos duzentos mil. É infortúnio demais para uma ilha tão pequena!

O Haiti virou manchete. Vive, sem poder desfrutar, seus quinze minutos de fama global! Tornou-se o centro das atenções externas, mas, internamente, perdeu suas referências e segue sem rumo e sem direção.

A imprensa está lá, fazendo seu trabalho: prestação de serviços intercalada com cenas fortes e dramatização. Notícia ruim dá IBOP! É a desgraça alheia se transformando em negócio rentável. Longe de mim querer dar uma de moralista e condenar a imprensa. Nada disso. Estou apenas observando que é assim que o mundo funciona. Uns perdem, outros ganham e a roda continua girando. A felicidade do leão é a tristeza da zebra, do guinu,do antílope, não é mesmo? É a morte de uns promovendo a vida de outros.

Tragédias como essa fazem nossas certezas estremecerem e nos mostram o quanto somos reféns dos fenômenos naturais. Se num dia qualquer a Terra desperta mal humorada e resolver se revirar sob nossos pés, ai de nós. Não há o que fazer ou pra onde fugir. Se der tempo, poderemos rezar ou torcer para não sermos destruídos por ela.

E a cabeça se enche de perguntas: Por que acontecem essas tragédias? Há algum sentido em tudo isso?

A ciência se apressou em explicar o ocorrido. Ouvi algo mais ou menos assim: "A causa do desastre está associada à uma falha geológica existente nas proximidades do Haiti. Acomodações ocorridas no interior da Terra liberaram energia acumulada, provocando esse terremoto que atingiu sei lá quantos pontos na escala Richter".

E daí? E os cinqüenta mil mortos? Certo é que essa explicação científica é de pouca ou nenhuma serventia para os sobreviventes no Haiti – famintos, sedentos, desorientados, traumatizados – que perderam tudo, ficando literalmente sem chão e sem teto. Pois quando a terra treme e o céu vacila, quando a dor nos consome e o medo nos domina, quando o presente é caótico e o futuro uma dúvida, o que desejamos ouvir é uma voz forte, amiga, que nos oriente e nos faça crer que não estamos sofrendo à toa e que, aqueles que se foram, não morreram em vão. Essa voz de consolo e esperança não costuma vir da ciência.

E é nesse vácuo deixado pela ciência que o discurso religioso encontra solo fértil para se manifestar e progredir. Isso porque a religião sempre tem uma resposta para tudo, seja para a morte de uma criança, um genocídio, a violência urbana ou a fúria da natureza. Seu efeito é anestésico. Alivia a dor, reduz a ansiedade, tranqüiliza o espírito e conduz o desesperado à zona de conforto em que estava antes da crise ter início. "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum..." (Salmo 23). "Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro sempre presente nas tribulações..." (Salmo 46). "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Romanos 8:31).

Falei há pouco sobre ação da imprensa no Haiti e acrescendo aqui o esforço das igrejas. Elas também estão fazendo o seu trabalho: sermões aqui, orações ali, Bíblia acolá. Vão se aproveitando desse momento de alta do medo para investir fortemente na conquista de novos adeptos. Não é minha intenção aqui criticar as igrejas, afinal, é assim que o mundo funciona e as igrejas fazem parte dele.

E já que falei em religião e igrejas, lembro-me que Deus é, na Bíblia, apresentado como o protetor dos pobres, das viúvas e dos órfãos. O Haiti é hoje, por excelência, a terra dos pobres, das viúvas e dos órfãos, um "prato cheio" para Deus. A imprensa está lá, fazendo o trabalho dela e buscando audiência; as igrejas estão por aí, aproveitando-se igualmente da crise para incrementar suas fileiras de adeptos. E Deus, onde está? O que anda fazendo? Sei alguma coisa sobre as instituições humanas, sobre como o mundo funciona, mas admito desconhecer os caminhos, interesses e intenções divinos. Penso, contudo, que se Ele quisesse, poderia se aproveitar também desse momento de luto para revelar ao mundo sua velada face de amor. Os pobres, as viúvas e os orfãos do Haiti certamente ficariam muito agradecidos se Deus fosse hoje, para eles, "socorro bem presente nas tribulações", com afirma o salmo bíblico.
domingo, janeiro 10, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Imagine-se dentro de um avião, num voo sem escala sobre a linha do Equador, deslocando-se a 900 km/h. A essa velocidade, você daria uma volta ao redor da Terra em aproximadamente dois dias. Esse cálculo não é exato, mas serve para nos dar uma idéia, ainda que vaga, das dimensões do nosso planeta.

Agora imagine-se, nessa mesma aeronave e à mesma velocidade, numa hipotética viagem ao redor da estrela "VV Cephei". Que estrela é essa? Uma, entre as tantas que existem em nossa galáxia. Uma estrela vizinha, já que dista menos de 8,5 anos luz da Terra (uma curta distância em termos astronômicos). Quanto tempo será necessário para que sua aeronave dê uma volta ao redor dessa estrela?

O vídeo que disponibilizo abaixo (com duração de uns dois minutos) responde a essa pergunta, mas não vou criar nenhum suspense quanto à resposta: serão necessários mil e cem anos! Dá para acreditar?

Em termos de grandeza, nosso minúsculo planeta, que por tanto tempo foi considerado o centro do Universo, não passa de um minúsculo grão de poeira, perdido no espaço sem fim. Um "pálido ponto azul", nas palavras do conhecido astrônomo Carl Sagan. Um pontinho pálido, transparente, (quase) insignificante, (quase) inexistente...

Mas há algo em nós, humanos, que insiste em querer acreditar que não somos tão pequenos. Somos únicos, importantes, especiais e desempenhamos o papel de protagonistas no drama inconclusivo sobre a origem e o fim de todas as coisas.

Quando penso em estrelas como a VV Cephei - tão grande, tão imensa, absurdamente colossal - sinto-me fortemente tentado a duvidar do julgamento de valor que fui ensinado a fazer de mim mesmo e da espécie humana. E quando me lembro que VV Cephei é apenas um dos duzentos bilhões de astros que compõem a Via Láctea... E quando me dou conta de que a Via Láctea é apenas uma entre bilhões e bilhões de outras galáxias... E quando ouço falar sobre a possível existência de outros universos...

Sinceramente,
sou muito pequeno.
Será que sou?
Não.Não sou!
Apenas estou!
Ainda estou...
Sumindo...
Sumi.
...
..
.

Assistam ao vídeo abaixo e tirem suas próprias conclusões.




Veja também: O homem no Universo
sábado, janeiro 09, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

Virada de ano, clima de festa e cenário paradisíaco: serras imponentes, cobertas por exuberante floresta tropical, em perfeita harmonia com um mar de águas claras e mansas, pontilhadas por dezenas (talvez centenas) de pequenas ilhas, com suas praias calmas e areias brancas... Angra dos Reis é assim. Um lugar difícil de ser adjetivado. Um verdadeiro paraíso!

Na virada do ano, esse paraíso conheceu o inferno. Chuvas torrenciais e contínuas fizeram com que parte da Serra fosse afogar-se no mar, arrastando consigo o que encontrou pela frente. Árvores tombaram, pedras rolaram, lama fluiu, casas ruíram e mais de cinquenta vidas foram ceifadas.

A televisão se encarregou de trazer a tragédia para dentro de minha casa. Fiquei ali, na sala, boquiaberto, sem palavras, quase sem piscar, hipnotizado pela força das imagens. Vi a chuva se confundir com as lágrimas do povo e o ribombar dos trovões ser abafado pelo gemido de homens que, atordoados, mais pareciam meninos, crianças confusas, perdidas, sem saber o que fazer ou a quem recorrer.

A tragédia não fez distinção entre crianças, idosos, pais de família, santos ou pecadores. Levou uns, deixou outros e escancarou, de forma fria e rude, nossa pequenez e fragilidade diante dos fenômenos naturais.

Você e eu, que vivemos no Brasil, um país colonizado por cristãos, fomos ensinados a acreditar na existência de um Deus todo-poderoso e misericordioso que está no controle de tudo. Esse Deus sabe o que faz, é o que nos disseram. Mas diante de tragédias como essa, que nos abateu na virada do ano, muitos devem ter-se feito a mesma pergunta: Será que Deus realmente sabe o que faz? Será que ele está no controle?

Tom Roney, ministro por mais de vinte anos na Inglaterra, é uma dessas pessoas que passou boa parte da vida falando sobre Deus. Supostamente, deve conhecê-lo melhor que a maioria de nós. Pouco depois da grande tsunami de 2004 ele fez um sermão marcado pela honestidade, em que questiona seu conhecimento a respeito de Deus... Logo abaixo, disponibilizo o vídeo desse sermão. Não me alongarei aqui sobre o seu conteúdo, pois ele fala por si mesmo. Recomendo-lhe que invista dezenove minutos de seu tempo nesse vídeo. Vale a pena.

O áudio está em inglês, mas é possível adicionar legenda em português clicando em "View subtitles" .


Related Posts with Thumbnails