sábado, junho 19, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Ontem ele se foi. Partiu sem dizer adeus. Deixou-nos para não mais voltar. José Saramago, escritor português, Nobel de literatura em 1998, não mais está entre nós. Morreu!

Sua morte, contudo, não representa necessariamente o seu fim. É certo que Saramago sobreviverá em suas obras e na memória dos muitos admiradores que conquistou em seus 87 anos de vida. Contudo, é inegável que sua subjetividade (sua capacidade de sentir, pensar, recordar, decidir, desejar), aquilo que o caracterizava e o distinguia de todos os demais, chegou ao fim, acabou, pereceu... Saramago faleceu.

Lamento...

Há quem creia em vida após a morte. Saramago não se situava entre esses. Para ele, só se vive uma vez. E foi com essa convicção que ele viveu e escreveu sua história. Ontem, o último parágrafo foi redigido e encerrado com o ponto final definitivo.
terça-feira, junho 15, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Hoje enfrentei um trânsito infernal para percorrer os míseros 18 quilômetros que separam a empresa onde trabalho de minha residência. De certa forma, era uma corrida contra o relógio. Pensando bem, "corrida" não é um termo apropriado ao contexto, já que o meu pé repousava mais no freio que no acelerador.

Tudo isso para chegar em casa em tempo de assistir ao jogo da seleção brasileira. Mal cheguei e a bola começou a rolar, mas futebol mesmo, daquele que enche os olhos, não vi. Até aí, nenhuma novidade. Ficaria surpreso se o Brasil conseguisse jogar bonito e golear a temível Coréia do Norte, uma equipe de longa tradição no cenário futebolístico mundial. Acreditem: ela tem até jogadores (uns dois ou três) com experiência internacional, acho que na China ou no Japão. Contra um time desses, o Brasil tinha mais é que jogar com dois volantes, ou três, sei lá, para garantir pelo menos o empate ou ganhar de "meio a zero" que, na opinião do Pelé, já estaria bom demais.

Enfim, ganhamos. No placar, 2 x 1 para o Brasil. Na arte, não houve vencedor. Jogo feio! Senti sono!

Uma coisa é certa: se houver mais algum jogo em horário tão impróprio quanto o de hoje, vou esperar o primeiro tempo e, pouco antes do intervalo, aproveitar as ruas vazias de São Paulo para me deslocar tranqüilamente para casa. E se perder o jogo, bem... jogo? Que jogo?
domingo, junho 13, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

A Copa está aí, mas o que é "copa" mesmo? A reposta a essa pergunta vai depender de a quem ela for endereçada.

Para mim, por exemplo, "copa" representa aquele momento único em o que o brasileiro parece se irmanar em um só sonho e caminhar numa mesma direção. Entendam-me, por favor: eu disse "parece" e as aparências podem enganar e, com certa freqüência, enganam.

Não sei por que não se trabalha durante os jogos do Brasil. E daí? O que importa mesmo é não trabalhar, não é mesmo? O brasileiro gosta de não trabalhar! Não que seja um povo preguiçoso. Longe disso. O brasileiro é trabalhador. Mas trabalhar é uma necessidade e não uma fonte de prazer, exceto para cantores e, é claro, jogadores de futebol. Jogar futebol na "copa", então, é a suprema realização para esses trabalhadores apaixonados pelo que fazem.

E a gente, que labora sem tanta paixão, pára de trabalhar para ver onze brasileiros suando literalmente a camisa. Trabalhando? Disso eu não tenho tanta certeza... Quem não gostaria de passar um mês na África do Sul, em hotel cinco estrelas, jogando bola, dando entrevista, sendo paparicados e ainda ganhando em um mês o que eu não ganho em dez anos de trabalho suado? Eu faria isso até de graça!

E deixando esse blá-blá-blá pra lá, voltemos à pergunta original: o que é "copa" mesmo?

Essa palavra nos remete à frase inglesa "World Cup". Traduziram a primeira palavra e transliteraram e adaptaram a segunda, surgindo daí a nossa "Copa do Mundo". Cup virou copa, quando a tradução mais apropriada deveria ser "copo, xícara, cálice, taça".

Ah! "taça"!

Taça, em português, além do significado primário de "espécie de copo", passou a significar também, por derivação, "troféu esportivo em forma de taça".

Notei que o dicionário Houaiss já traz o verbete "copa" associado ao significado "vaso fundo, de dimensões e formas variadas, para bebidas; taça" [1]

Então, "copa" é isso aí. Ou talvez seja muito mais... Sei lá...

E pra você, o que é "copa"?


Referências:
[1] - Houaiss: Verbete "copa" – http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=copa&stype=k
terça-feira, junho 08, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Com a palavra, o sábio Chuang Tzu:


Uma vez eu sonhei que era uma borboleta,
voando entre as flores e arbustos do jardim.

Tudo era tão concreto e real
que em momento nenhum do meu sonho suspeitei que a borboleta era eu
ou que eu fosse a borboleta.

Para todos os efeitos possíveis e imagináveis,
eu era, eu agia e eu realmente me sentia uma borboleta,
cumprindo o destino de uma borboleta qualquer.

De repente, eu acordei
e lá estava eu, sendo a pessoa que eu sempre fui
- ou que sempre imaginei ser.
Sei muito bem
que entre um homem e uma borboleta
há tantas diferenças fundamentais e insuperáveis
que a transformação de um no outro
é algo simplesmente impossível de acontecer no mundo real.

É por isso que, desde então,
eu nunca mais tive sossego
quanto à minha verdadeira identidade.
Pois não há nada que me permita saber,
com toda certeza e rigor,
sem nenhuma margem de dúvida,
se eu sou verdadeiramente um homem,
que um dia sonhou que era uma borboleta,
ou se eu sou uma borboleta,
sonhando que é um homem.

Link
Atenção: As imagens exibidas neste post são de autoria de Douglas Reis (Douglas Reis Studio)



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domingo, junho 06, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Aprendi a confiar em Deus e a desconfiar do homem. Isto porque Deus é perfeito, ao contrário do homem que é falho por natureza. E em sendo a ciência uma invenção humana, esse raciocínio me levou a desconfiar da ciência também.

Mas não me parece que essa desconfiança seja ruim. É bom desconfiar da ciência, e explico-me: Assim como ocorre com o ser humano, a ciência não tem propósito. Isso mesmo. A ciência, em si mesma, não tem propósito. Ela é uma ferramenta e o seu propósito é o propósito de quem a utiliza. Há quem faça bom uso dela e há quem não o faça. E como aprendi a desconfiar das intenções humanas, sou levado a desconfiar da ciência que eles fazem.

Além disso, é comum a confusão entre "fazer ciência" e "possuir titulação acadêmica". Ciente disso, a mídia explora a figura de médicos e profissionais qualificados em comerciais que promovem creme dental, shampoo, sabão em pó e seja lá o que for. Nesses casos, o que se tem em vista não é a divulgação da ciência e sim a exploração da confiança cega que grande parte da audiência deposita nela para vender um determinado produto. Essa estratégia parece funcionar, a julgar pela quantidade de comerciais que exploram essa abordagem. E ela só funciona porque muitos confiam na ciência, sem sequer saber a distinção entre um médico e um cientista. Por essas e outras, continuo desconfiando da ciência, por desconfiar dos homens que a usam e manipulam como instrumento de trabalho.

E deixando de lado o uso (às vezes inapropriado) da ciência enquanto ferramenta de trabalho, é importante lembrar que a ciência só funciona porque não se confia nela. Pode parecer paradoxal, mas se confiássemos na ciência não faríamos ciência e sim religião. Religião é a arte de confiar; ciência é a aptidão para a desconfiança. E por não confiar, a ciência exige provas e não fé. A confiança é demasiadamente passiva para levar ao esclarecimento.

Mas confiar é preciso!

De certa forma, foi a confiança que tornou possível a civilização. Precisamos confiar no diagnóstico do médico que nos examina e na opinião do mecânico que revisa nosso carro. Não dá para saber tudo sobre tudo, então, a alternativa viável é confiar. E se confio em alguém, aceito o que ele me diz como sendo uma verdade. O problema desse sistema baseado na confiança é que posso ser induzido a equívocos, ainda que a pessoa em quem deposito minha confiança não seja mal intencionada. É como dia a Bíblia: "maldito o homem que confia no homem" (Jeremias 17:5).

Desconfiar também é preciso!

Mas fazer ciência não é desconfiar por desconfiar. A ciência segue um método, ou melhor, vários métodos, mas todos eles embasados em duas características comuns: o empirismo e a crítica (a tal desconfiança permanente). Por que o céu é azul? Por que, ao soltar um objeto, ele cai em direção ao solo? É o sol que se move ao redor da terra ou o contrário? Por que existe algo e não o nada? E o cientista observa, coleta informações, conduz experimentos, coleta dados, tenta reproduzir os mesmos efeitos em laboratório, acata e descarta hipóteses e segue em busca de respostas.

Recomendo que desconfiem da ciência, pois ela é falha. Lembrem-se de que algumas verdades científicas perderam esse status diante de novos avanços da própria científicos. É a ciência sendo usado como instrumento para se corrigir e melhorar. Ora, se ela fosse perfeita, não precisaria de correção, não é mesmo? Com efeito, em determinadas áreas do saber, parece-me difícil afirmar que a ciência chegou ou chegará ao pleno conhecimento da verdade. Ela está sempre se aproximando...

Recomendo que desconfiem da ciência, pois ela é imperfeita. Mas, justiça seja feita, ela é o melhor que o gênio humano conseguiu elaborar para compreender este universo do qual fazemos parte. Desconfio, sim, da ciência, mas aprendi a admirá-la e vou lhe dizer o por quê.

Nós temos hoje uma vida que, há duzentos anos, não era sequer sonhada por reis e rainhas: automóveis, aviões, casas confortáveis, computadores, telefonia celular, internet, produtividade no campo, medicina avançada e por aí vai. Em decorrência disso, a expectativa de vida vem subindo gradativamente e a qualidade de vida também. Isso se observa a cada nova geração: eu vivo hoje em condições mais favoráveis que meu pai, quando ele tinha a minha idade. É a ciência promovendo a vida humana.

Mas há quem pense de forma diferente. Há quem queira intervir dizendo que a ciência tornou possível a bomba atômica. A esses eu afirmo que, infelizmente, a política e os políticos não conseguiram acompanhou o avanço da ciência, o que é uma pena...
domingo, junho 06, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Conforme comentei aqui, planejei correr 40 Km neste fim de semana prolongando. Hoje, domingo, registro aqui o cumprimento dessa meta. Consegui! E o melhor é que não estou sentindo dor muscular ou desgaste físico. Isso porque segui a regra básica de respeitar os limites do corpo.

Resumidamente:

Quinta-Feira : Dia frio e nublado. Deixei para correr por volta do meio dia. Foram 12 Km em ritmo confortável.

Sexta-Feira: O dia começou com pouco sol e temperatura baixa. Resolvi manter a estratégia de ontem e correr ao meio dia. À essa altura, o sol já havia se despedido e o céu se revestia de nuvens cinzas. Saí de casa correndo e cheguei ao parque Burle Marx. Resolvi entrar e dar umas voltinhas por lá. O parque estava vazio e, dentro da mata, o vento gelado causava desconforto. Depois de uns quatro quilômetros, resolvi abandoná-lo e retornar para casa, após 15 Km de muita satisfação e pouco suor.

Sábado: Passei o dia descansando e lendo. Ao final do dia, olhei pela janela e contemplei o sol que, entre nuvens, se despedia do dia. A escuridão não tardou em chegar e o céu tornou-se negro. Senti vontade de me mexer um pouco. Precisava "balançar o esqueleto", mas faltava-me ânimo para abandonar o conforto do lar. Então resolvi ligar a esteira e trotar um pouco. Pela janela, entreaberta, observei que a luz artificial da cidade se esforçava para combater as trevas da noite. Iluminado por essa luz artificial eu prosseguia correndo no ritmo determinado pela esteira.

Correr em esteira é entediante. Os segundos se alongam, os minutos parecem horas, o tempo não passa. Pensei: "Às vezes a vida se parece com o correr em esteira. Esforçamo-nos, suamos, cansamos, corremos, mas não saímos do lugar" (ainda bem que nem sempre é assim). E entre um pensamento e outro, consegui resisti e percorrer 10 Km "sem sair do lugar".

Domingo: O dia amanheceu ensolarado e vivo. Céu de brigadeiro, outonal, azul, sem nuvens. Fantástico! Precisava correr apenas 3 Km para alcançar a meta de 40 Km. Parecia fácil, ainda mais neste dia, tão propício à prática de esporte. Sai para correr por volta do meio dia, não antes de consultar o tempo e constatar que a temperatura era de 17 graus. Comecei a correr e a desfrutar desse dia de muita luz. Fui degustando, aos poucos, lentamente, com imenso prazer, cada quilômetro percorrido. Que delícia! Cheguei à Marginal do Rio Pinheiros, segui até a ponte Morumbi, atravessei-a e segui no sentido sul. Corria com leveza, embalado por muita endorfina. O tempo voou e, quando me dei conta, já havia percorrido 14 Km. Hora de parar. Peguei o metrô e retornei para casa.

O fim de semana prolongado se aproxima do fim. Ao todo, foram 51 Km em quatro dias. Estou bem, sem dores e sem seqüelas.

Consegui!
sábado, junho 05, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges


Minha esposa se encantou com esse jingle. E não é que ela tem razão? Esses comerciais com crianças são feitos sob medida para agradar adultos. O timbre do vocalista não poderia ser mais apropriado. Segue a letra.

Olha só como se tira o nó,
Olha só como se tira o nó,

Primeiro faz o nó,
Juba de leão,
Boné,
Cortina,
Punk,
Coqueiro,
Roqueiro,

Agora tira o nó,
Shuaaaaaaaa,

Fechar (tchui, tchui)
Secar (tchop, tchop, tchop, tchop)

Macio como a mão da mãe da gente,
Passa o pente sem parar.

Uuuu, uuu,
Nó? no no.
sexta-feira, junho 04, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Estabeleci duas metas para mim neste final de semana prolongado que teve início ontem, com o feriado de Corpus Christi: Correr pelo menos quarenta quilômetros e publicar pelo menos quatro textos em meu blog.

A primeira parte está indo bem: ontem corri 12 Km, hoje 15 Km e no domingo correrei os 13 Km que faltam. Alcançar a segunda meta, porém, não vai ser nada fácil. Estou sem disposição para escrever. Mas como promessa é dívida, preciso pelo menos tentar. E já que ontem foi feriado (bendito feriado!!!), vou tentar encontrar nele inspiração para redigir alguns parágrafos.

A motivação religiosa que deu origem ao feriado de Corpus Christi é a celebração da presença real e substancial de Cristo na Eucaristia, um dos sete sacramentos da igreja Católica. Fiz questão de salientar em negrito essas duas palavras porque, no entender dos pais da igreja e de seus herdeiros que residem no Vaticano, ao participar desse rito sagrado, o fiel não está provando de mero pão e vinho e sim alimentando-se do próprio corpo e sangue de Jesus. Se tal milagre acontece de fato, então é justo afirmar que os fiéis (cientes ou não) estão participando de um rito macabro, que pode ser classificado como antropofagismo e, talvez, vampirismo.

Toda essa confusão de deve à interpretação de uma frase pronunciada por Jesus durante da celebração da última ceia com seus discípulos. À certa altura, Jesus disse em tom solene: "...tomai e comei, este é o meu corpo... tomai e bebei, este é o meu sangue." (Mateus 26:26-28). Pronto! Os pais da igreja interpretaram esse texto ao pé da letra!

Penso que a maioria dos brasileiros que se identificam com o católicismo não está nem aí para essa interpretação literal. A maioria não acredita nesse milagre que transforma pão em carne humana e fiéis em canibais. A maioria não tem tanta fé assim. Para estes, a afirmação de Cristo não passa de uma metáfora. (OBS: julgo importante lembrar que, para os cristãos protestantes, as palavras de Jesus foram, de fato, metafóricas, simbólicas).

Seja como for, o lado bom dessa história é que, graças a ela, ganhamos esse feriado religioso, cujo significado interessa a poucos, mas que nos rende um belo e longo fim de semana de folga. Então, exclamemos todos: "Bendito Corpus Chisti", ou, como se diz na língua dois pais da igreja: "Corpus Chisti beatus est", ou algo parecido.

Bom e longo fim de semana a todos!
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