sábado, setembro 11, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito.
Relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas vezes levaria a sério.
Seria até menos higiênico.

Correria mais riscos.

Viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a lugares onde nunca fui. Tomaria mais sorvete e menos sopa. Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto de sua vida.
Claro que tive momentos de alegria mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não o sabem, disso é feito a vida, só de momentos.

Não percam o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um Termômetro, uma bolsa de àgua quente, um guarda- chuva e um pára-quedas.

Se eu pudesse voltar a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres
E brincaria com mais crianças, se eu tivesse outra vez uma vida pela frente...

Mas já tenho 80 anos...

Observação: "Instantes" de Jorge Luiz Borges
domingo, setembro 05, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Fiquei distante desse espaço por quase dois meses. Julho se foi, agosto passou e setembro está aí, seguindo seu caminho. Pouca coisa mudou durante esse meu breve exílio, exceto o tempo que fluiu, passou e, se não me engano, deu uma bela acelerada. O tempo é assim, apressado, faminto, glutão. Nunca se cansa de engolir dias, semanas, meses, anos... Por fim, ele há de nos devorar a todos, o que não é nada animador. Às vezes, meu lado sombrio - meu instinto assassino - me leva a pensar em matar o tempo antes que ele me mate! Mas afinal, matar tempo é assassinato ou suicídio? Quem sabe? Melhor mudar de assunto e abordar questões mais simples, triviais, como por exemplo, minha paixão por corrida de rua...

Bem, continuo correndo. Pouco, é verdade. Falta-me tempo... Descobri que meu tempo não é meu, por mais contraditória que essa afirmação possa ser ou parecer. Ando afogado na correria desenfreada de Sampa. É a velha luta pela sobrevivência, para pagar a elevada conta que nos é cobrada por vivermos numa sociedade consumista, reificada pela cultura capitalista na qual estamos inseridos e da qual somos cria. Coisa de louco! Labirinto sem saída! Sempre de olho no relógio, no esforço hercúleo para não perder a hora... Esse ritmo acelerado, desenfreado e, às vezes, sem nexo, vai minando-me aos pouco: suga-me as forças, subrai-me o ânimo, furta-me o precioso tempo e, sem tempo, não há como correr... Opa! E olha eu aqui, novamente, falando em tempo, ou da falta dele... Hoje está difícil mudar de assunto!

Mas não voltei a esse blog, depois de dias ausente dele, para o transformar em palco de lamentações pela falta de tempo. Não quero, aqui, dar vulto às queixas, nutrir os ais ou ressaltar as agruras da vida. Otimismo!!! Portanto, quero destacar aqui o fato de ainda conseguir correr, a despeito da falta de tempo. Corro o que me é possível nas circunstâncias atuais. Corro por prazer e também por teimosia, no esforço quase vão de resgatar, para mim, parte do "meu tempo", que não é meu.

No mês de agosto foram apenas 61 quilômetros, mas setembro está aí, com um feriado, reacendendo em mim a esperança obstinada de que meu volume de treino volte a subir.

O gráfico abaixo comprova que, neste ano (barras azuis), estou correndo menos que no ano passado. Será que consigo reverter esse cenário?
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